Francisco Teixeira Feliciano (39) residente no assentamento Canoas, município de Japi, é o principal acusado no esquema envolvendo motos clonadas. Há cerca de quatro meses um dos PMS acusados, o sargento Lira, apreendeu quatro motos clonadas na cidade de Lagoa Nova em poder de Francisco Teixeira Feliciano, conhecido como Dema, que foi preso. Em depoimento à polícia, Dema afirmou que já havia vendido motos clonadas a policiais militares de Lagoa Nova. Duas delas ao cabo Brasão.
Segundo Francisco Teixeira, o cabo Brasão também teria intermediado a venda de uma outra moto (Bross) a um professor de Currais Novos. O professor afirmou que o cabo Brasão teria garantido que a moto era de procedência legal e que já teria verificado a procedência da mesma no Renavam, o Registo Nacional de Veículos Automotores, onde não constava nenhuma pendência em relação à moto.
A moto clonada adquirida pelo professor sob a garantia do cabo Brasão foi então vendida ao soldado Freitas. Posteriormente, o veículo foi apreendido na cidade paraibana de Pipirituda, já em poder de outro civil, que afirmou ter comprado a moto do soldado Freitas, em Lagoa Nova. Diante das acusações de Francisco Teixeira e do depoimento do professor afirmando que havia adquirido uma das motos clonadas por indicação do cabo Brasão, foi instaurado um Inquérito Policial Militar. O inquérito também investigou a acusação de que o sargento Lira, mesmo sabendo que uma moto (125 FAN, ano 2006, cor preta) era clonada, liberou o veículo. “Sobre o sargento Lira pesa a acusação de ter liberado uma moto clonada ao invés de tê-la apreendido”, explicou o capitão da III CIPM, Walmary Costa.
Francisco Teixeira Feliciano disse à polícia que havia recebido R$ 5 mil do cabo Brasão para que ele trouxesse duas motos à Lagoa Nova. De acordo com o inquérito, o cabo confirmou o fato, mas disse que as duas motos eram legais e foram vendidas dentro do que reza a Lei. Contudo, os investigadores estranharam o fato de na mesma época uma moto clonada, marca CG 150, de cor azul, ter sido vendida pelo cabo ao soldado Freitas. E também de, na mesma época, uma outra moto clonada (marca Fan, cor preta) ter sido repassada para um civil identificado apenas como Ivanildo.
A má conduta de PMS em Lagoa vai além do suposto envolvimento com o esquema de receptação de motos clonadas e acusações de extorsão. No inquérito, o cabo Brasão, por exemplo também está sendo investigado por ter se apropriado indevidamente de um aparelho de som de um civil que vinha devendo muito dinheiro a várias pessoas e estabelecimentos comerciais de Lagoa Nova. O cabo seria um dos credores do civil identificado apenas como Ulisses. Outro civil residente em Lagoa Nova denunciou que sua moto estava legal e havia sido apreendida indevidamente pela polícia por atraso no pagamento do financiamento. O civil foi a uma emissora de rádio de Currais Novos denunciar que o sargento Lira, à época à frente do destacamento da PM em Lagoa Nova, havia lhe extorquido em R$ 300 para liberar o veículo. Diante da denúncia, o sargento devolveu R$ 150 ao civil e afirmou que havia pago a quantia ao acusador apenas para “evitar confusão”, mas que não havia extorquido ninguém. No inquérito, também é investigado o fato de outra moto clonada adquirida por uma senhora de Lagoa Nova ter sido liberada pelo sargento Lira. A mulher não confirmou se o sargento havia lhe pedido alguma quantia para liberar o veículo clonado.
Outro PM que atua na cidade de Lagoa Nova, o soldado Ailton, também foi indiciado por adquirir um objeto de origem duvidosa. Ele teria comprado uma moto MXR Bross, de cor vermelha, suspeita de adulteração e que sequer consta nos registros do Renavam. O capitão Valmary Costa ressaltou que o inquérito foi realizado de forma transparente e neutra. “Acredito que há muito mais coisas na Serra de Sant’Ana, que isso pode ser apenas a ponta de um iceberg. Mas fizemos o que estava ao nosso alcance e cabe agora à Justiça julgar os acusados pois, julgar estes policiais não cabe a nós e nem à sociedade”, ressaltou o capitão.
Um total de nove motos foram apreendidas desde o início das investigações. O principal acusado no esquema de receptação, Dema, foi preso, mas foi libertado por decisão judicial. O inquérito foi encaminhado para o Comando Geral da PM e será remetido à Justiça Militar. O comando geral vai decidir se os acusados serão submetidos ao Conselho Disciplinar. Administrativamente, os indiciados estão sujeitos desde a advertência até a exclusão da corporação. O comando geral da PM transferiu o soldado Freitas para a cidade de São Vicente e o sargento Lira para Caicó. O sargento Paulo Rogério assumiu o destacamento da polícia militar em Lagoa Nova.
Fonte : Daniele de Souza/DN
DN Seridó
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