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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Detentos se casam dentro de penitenciária em Caicó

Os detentos Edson Gonçalves de Macedo e Merivânia de Azevedo Fernandes se casaram na manhã de hoje dentro da penitenciária estadual do Seridó, em ato presidido pelo juiz Luiz Antônio Tomaz do Nascimento. O casal é nascido em Parelhas e cumpre pena por tráfico de drogas.

Após o casamento, a noiva passou a assinar Merivânia de Azevedo Fernandes Gonçalves de Macedo. Os padrinhos foram o major Marcos Antônio de Jesus Moreira (diretor do presídio), Agnalda Benevides (conhecida por Neta, viúva do assaltante Valdetário Benevides), Simone di Rossi (acusado de envolvimento com a máfia italiana) e Elizângela Confessor (envolvida com o homicídio do gerente do Bradesco de Santa Cruz, Reinaldo Alves).

O casamento ocorreu na sala da direção da penitenciária e não em cartório, por questão de segurança."É um fato incomum fazer casamento na penitenciária, mas eu já fiz casamentos de outras pessoas que estavam presas, só que fiz no cartório. Nesse dia foi diferente. Parece que ainda existem três outros casais de detentos que querem se casar e eu virei fazer aqui. Pra mim é muito agradável porque é um momento feliz, de harmonia, construtivo e eu espero que o casal possa tirar proveito desse momento e seja realmente um casal feliz e sirva isso para reconstruir a vida", declarou o juiz Luiz Antônio do Nascimento.

O magistrado declarou que o casamento não significa nenhum benefício em termos de redução da pena ou qualquer regalia."Apenas eu acho que é bom pra eles porque acalma o casal, dá uma tranqüilidade, dá uma estabilidade emocional já que eles que vão se dedicar cada vez mais um ao outro, obedecendo naturalmente as regras do estabelecimento prisional, mas eu acho que é bom para a satisfação pessoal deles. Isso ajuda na ressocialização", narrou o juiz.

O major Marcos Moreira disse não ter conhecimento de outro casamento desde a inauguração do presídio."É uma forma positiva de socialização, o que leva a pensar que apesar de preso ainda existe um pensamento social, de união, porque casamento sempre é uma coisa boa. É uma passagem sui generis e considero muito positiva", narrou o juiz.

Quanto ao fato de ser diretor e ter sido convidado para ser testemunha do ato, o major Marcos Moreira considerou outro ponto significante."É necessário que o preso veja o diretor, o vice-diretor, os agentes e os policiais não como carrascos, não como aqueles que estão só para punir e fazer cumprir as punições. O diretor pode ser também uma pessoa amiga, uma pessoa que oriente. Então, a partir do momento que eu aceitei essa condição de padrinho, de testemunha de casamento, é somente com esse objetivo de aproximar, de socializar e de interagir".

Com relação a uma provável lua-de-mel para o casal, o diretor disse que é complicado."É um negócio meio difícil até porque nós não temos um lugar apropriado para lua-de-mel, é um caso que podemos flexibilizar, podemos fazer alguma coisa, não uma lua-de-mel. Eu vou ver o que posso fazer para pelo menos colaborar com a união deles, pelo menos no dia de hoje. Não vai ser bem uma lua-de-mel, não, mas é alguma coisa parecida". Após o ato, cada um dos noivos seguiu para a cela de origem.

fonte: DN Seridó

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