Em sua primeira refeição, na Penitenciária Nelson Hungria, sexta-feira, Bruno jantou frango, purê de abóbora e salada. Mas foi no fim de semana que o goleiro sentiu o doce sabor de uma boa notícia. Ele poderá voltar a sonhar com a liberdade. Advogado do jogador e de mais cinco suspeitos de participação no desaparecimento de Eliza Samudio, examante de Bruno, Ercio Quaresma entrará nesta segunda-feira com o pedido de habeas corpus de seus clientes.
Segundo Quaresma, não há necessidade de Bruno ser mantido preso, uma vez que não existem, em seu entendimento, provas contundentes contra o goleiro. O advogado também informou que vai a Brasília, ainda nesta segunda, entrar com uma reclamação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para ter acesso ao inquérito que investiga o sumiço de Eliza.
Detido em um presídio de segurança máxima, Bruno está confinado em uma cela de seis metros quadrados. A única distração do goleiro, segundo agentes penitenciários, é a leitura da Bíblia. Bruno tem permissão para receber somente a visita de seu advogado, que tem autorização para entregar ao cliente apenas mudas de roupas e produtos de higiene pessoal.
A ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, criticou a Justiça por não ter oferecido proteção a Eliza, baseada na Lei Maria da Penha. A ministra reclamou principalmente da falta de sensibilidade. Segundo ela, às vezes, os agentes públicos subestimam o que é dito pelas mulheres que buscam ajuda.
– Não é bastante termos mais delegacias e juizados se as pessoas que lá trabalham não estiverem capacitadas. Eliza morreu porque contrariou um homem que achou que lhe deveria impor um castigo. Ela morreu como morrem tantas outras quando rompem relacionamentos violentos – criticou Nilcéa.
Ainda segundo a ministra, a sociedade somente se atenta sobre a violência cometida contra as mulheres quando surge um caso que envolve alguma personalidade.
– Somente quando o assunto chega aos jornais é que a sociedade se dá conta de que as mulheres são violentadas, são subjugadas cotidianamente pela desigualdade – reclamou Nilcéa Freire.
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