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quarta-feira, 7 de março de 2012

Sem sinal de celular, estádio da Copa do Brasil usa fio de telefone de 3,5km

Na era da tecnologia, praticamente não há mais distância que não possa ser superada pela comunicação. É possível acompanhar em tempo real o andamento de uma partida de futebol com total tranquilidade em qualquer lugar do mundo. A menos que essa partida aconteça no Estádio José Olímpio da Rocha, no pequeno município de Águia Branca, no noroeste do Espírito Santo. É lá que nesta quarta-feira o Real Noroeste recebe o Ipatinga, a partir das 20h30m (de Brasília), pela Copa do Brasil, com ares de desafio para a imprensa, mas também para orgulho do empresário Flaris da Rocha, presidente do clube capixaba.

Foi dele a ideia de erguer no meio do nada o estádio que serve de casa para o clube fundado em 31 de julho de 2010. E "no meio do nada" não é mera expressão. O José Olímpio da Rocha, que leva o nome do pai de Flaris, fica no meio da Rodovia ES-080, que liga os municípios de Águia Branca e Barra de São Francisco - separados por 40km -, no chamado Córrego do Café, sem outras construções de porte ao redor. Com um detalhe: no local, cercado de várias formações rochosas, não há sinal de celular. Achar Flaris da Rocha, por exemplo, foi simplesmente impossível. Mas o supervisor do clube, Crauber Portelo, conhecido no futebol local como Binha, foi localizado enquanto estava na sede de Barra de São Francisco, a 25km do estádio, a ponto de dar um depoimento único.

- Esse é um problema sério nosso. Ninguém consegue falar conosco. O único telefone que tem é o de uma linha que compramos numa vila, chamada Boa Vista, que fica a três quilômetros e meio do estádio. Daí, nós puxamos um fio de lá até o estádio. É uma gambiarra mesmo, como qualquer um pode puxar um fio do telefone da sala para a cozinha. A diferença é que o nosso tem três quilômetros e meio. O fio vem passando no meio de mato, pasto, coqueiro, pé de manga, pé de eucalipto... Tem de tudo. Mas de vez em quando, se chover, cair um galho em cima ou um passarinho bicar, acontece de a linha ser cortada. Normalmente ficamos uns dois dias procurando o ponto do fio onde deu o problema. Nós colocamos até no contrato dos jogadores que aqui não pega celular e eles não conseguirão se comunicar com a família por telefone. Costumo brincar que nossos jogadores não se concentram, eles já vivem concentrados - diz Binha.

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