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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Cerca de 90% dos crimes de tráfico no RN partem de ordem de presos

Apesar das medidas tomadas para se evitar a entrada de aparelhos celulares nos presídios do Rio Grande do Norte, autoridades admitem que muitos crimes ainda são comandados por detentos de dentro das unidades prisionais. Segundo o delegado Odilon Teodósio, titular da Delegacia Especializada de Narcóticos (Denarc), pelo menos 90% das investigações sobre tráfico de drogas na capital potiguar apontam a participação de presos custodiados nas penitenciárias. Há cerca de duas semanas, foi ventilado entre a população da cidade de Caicó que um presidiário teria ordenado a execução do jornalista Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes morto a tiros no dia 22 do mês passado - a polícia não confirma.

O Ministério Público já fez recomendações à Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) para que fosse contida a coordenação de crimes no interior das penitenciárias do estado. Por sua vez, o titular da pasta, Leonardo Arruda, afirma que as unidades prisionais potiguares contêm modernos aparelhos para se detectar a entrada indevida de telefones móveis. Segundo o administrador do sistema penitenciária, José Deques, não há recursos para implantação dos bloqueadores (leia matéria abaixo).
Odilon Teodósio afirma ser bastante comum o envolvimento de presidiários na coordenação do tráfico de drogas que acontece fora das penitenciárias. "Quase todos os inquéritos que temos na nossa delegacia revelam alguma participação de pessoas dentro dos presídios na comercialização de entorpecentes". Segundo o delegado, os maiores traficantes estão mesmo presos, mas ainda conseguem comandar, a partir de telefones celulares, as ações criminosas de dentro das celas. "Com o telefone, eles mantêm contato com pessoas aqui fora fazem todo trabalho".
Para o delegado, não há como a polícia conter esse tipo de ação, uma vez que os celulares conseguem entrar nos presídios. "Deveria haver um serviço interno de inteligência, da coordenação penitenciária, que pudesse descobrir como esses aparelhos chegam aos presos". Odilon Teodósio considera que a melhor maneira para se coibir a organização de crimes de dentro das unidade prisionais seria a implementação de bloqueadores de sinal telefônico.

Por Paulo de Sousa, do DIÁRIO DE NATAL

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