O desfecho do caso ocorrido em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, que terminou com uma jovem morta e outra gravemente ferida a bala, continua a repercutir na imprensa. Especialistas são chamados a opinar sobre a condução das negociações pela polícia, e até mesmo programas de entretenimento da televisão ingressam na seara do jornalismo para engrossar o coro da confusão geral.
Observa-se um esforço generalizado para poupar a polícia paulista de responsabilidades, e um cuidado ainda maior em evitar que essas responsabilidades subam na escala de comando.
Apesar de o próprio desfecho trágico denunciar, com pouca margem de dúvida, que o caso foi mal conduzido o tempo todo, a imprensa tende a relativizar o fato de que nenhuma das estratégias adotadas pelos negociadores teve sucesso depois do segundo dia. Além disso, a entrevista do comandante do Batalhão de Choque de São Paulo, coronel Felix de Oliveira, na qual o militar defendeu a atitude de deixar uma das vítimas retornar ao local do cativeiro, foi mais um bate-papo amigável do que um questionamento real por parte dos jornalistas.
Os repórteres parecem ter ficado impressionados pela declaração do coronel Oliveira, de que colocaria o próprio filho em situação de risco, ao explicar por que havia permitido que a jovem Nayara Vieira, amiga dos principais envolvidos na crise, voltasse ao apartamento.
Ora, a questão central é exatamente essa: a autoridade policial não pode colocar ninguém deliberadamente sob risco, mesmo que seja seu filho, e a declaração do coronel não pode ser recebida como outra coisa que não uma bravata.
Explosivo plástico
Outra questão é a descrição clara dos fatos.
Embora muitos jornalistas presentes tenham declarado que não foram ouvidos tiros antes da explosão que abriu a porta do apartamento, as duas revistas semanais de informação mais vendidas compram a história da polícia e não colocam em dúvida a versão oficial.
Na segunda-feira (20/10), os jornais observam que algum ruído eventualmente ouvido antes da explosão pode ter sido provocado pelo detonador do explosivo plástico usado pela polícia.
Mas, de todas as perguntas que ainda não foram feitas, uma em especial fica saltando à frente dos leitores: se, em vez de se desenrolar num bairro da periferia da região metropolitana, o caso tivesse acontecido num condomínio de classe média, as trapalhadas teriam sido as mesmas?
Muitas são as perguntas que ficam sem respostas num momento de luto como este, ao vermos de um lado duas policias se enfrentando perante ao palácio do governo do estado enquanto uma jovem feita de refém a mais de 80 horas. A policia deixa a imprensa armar um verdadeiro circo em meio a tudo isso, a policia permite uma refém voltar ao cativeiro uma vez que ela já havia sido libertada.
Esse sentimento de injustiça que sinto em mim acho que todos os brasileiros sentem o mesmo, por que vemos de um lado dizerem que ele seria um bom rapaz, perai né, esse vagabundo merecia a morte desde o inicio, um desgraçado desses tira a vida de uma jovem com toda uma vida a frente.
E lastimável que vivemos num mundo em que pessoas ajam e cometam barbarias como essa.
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