Segundo a polícia, a madrasta deles, a dona de casa Eliane Aparecida Antunes Rodrigues, de 36 anos, confessou o crime na delegacia do município. Mas o pai, o vigia noturno João Alexandre Rodrigues, de 40 anos, durante depoimento, negou participação nos assassinatos. Os dois estão presos.
Na última quarta-feira, João Victor dos Santos Rodrigues, de 13 anos e o irmão, Igor Giovani dos Santos Rodrigues, de 12 anos, foram encontrados por agentes da Guarda Civil Municipal (GCM) de Ribeirão Pires portando dinheiro e perambulando pelas ruas da cidade. Abordados pelos policiais, os dois meninos disseram que usariam o dinheiro para fugir de casa, porque estavam cansados de tanto apanhar do pai e da madrasta, além de sofrer todo tipo de maus-tratos.
Os GCMs encaminharam os garotos para o Conselho Tutelar de Ribeirão Pires, que entendeu que os dois deveriam ser encaminhados novamente para casa. Quando eles chegaram, foram mortos asfixiados com sacos plásticos de lixo. Depois, o pai e a madrasta, segundo a polícia, tentaram colocar fogo nos corpos, mas teria faltado tíner, produto químico que seria usado para carbonizar os meninos.
Lixeiro
O vigia noturno e a mulher esquartejaram os corpos, colocaram os pedaços em sacos plásticos e jogaram na lixeira em frente à casa para que fossem levados pelo caminhão de lixo, que passa na sexta-feira à noite, por volta das 21 horas no bairro. Um lixeiro que recolhia os sacos encontrou uma das pernas de um dos garotos e imediatamente pediu para o motorista do caminhão se dirigir à delegacia da cidade.
No Distrito Policial, naquele momento, um GCM registrava outra ocorrência de crime, quando ouviu o relato do lixeiro e lembrou do caso dos meninos que haviam fugido de casa na semana passada. Ele passou então o endereço do pai e da madrasta para os policiais. O pai foi preso, no início da manhã, no local do seu emprego e a madrasta, na casa da família.
A Polícia de Ribeirão Pires ainda investiga a real motivação para os crimes bárbaros, mas, segundo delegado que atendeu à ocorrência, aparentemente o que teria irritado e deixado enfurecido o vigia noturno teria sido mesmo a fuga dos adolescentes. Foram abertos quatro boletins de ocorrência sobre o caso. Os dois acusados prestaram depoimento durante todo o sábado.
Um comentário:
Fico me perguntando até quando esse tipo de omissão de socorro também ficará impune. Quando uma criança procura um policial, quando chega em uma Vara da Infância dizendo que não aguenta mais apanhar de um pai, mas é devolvida para sua casa, houve tanta omissão do socorro quanto de um motorista que atropela e abandona sua vítima na rua. É preciso esperar que as crianças morram para acreditar que era mesmo verdade, e "lembrar" de quando elas nos procuraram... O pai está preso, a madrasta está presa... mas e as crianças? Até quando continuaremos, omissos, ouvindo os gritos de nossas crianças?
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