O vice-presidente do Grupo Positivo, Lucas Guimarães, disse nesta quarta-feira, 16, que uma saída para os problemas no sistema educacional brasileiro é instituir uma espécie de Programa Universidade para Todos (ProUni) às avessas, em que pessoas com boa condição socioeconômica paguem pelo curso superior para financiar o ensino básico e liberar os bancos das universidades públicas e gratuitas para alunos de baixa renda. A declaração foi feita durante evento promovido por alunos e ex-alunos da Escola de Administração do Massachusetts Institute of Technology (MIT Sloan) em São Paulo.
"No Brasil, ocorre uma inversão de renda terrível, em que o aluno rico vai para as instituições de ensino superior públicas e os pobres, os trabalhadores, precisam pagar uma faculdade privada", afirmou Guimarães, graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pós-graduado pelo MIT Sloan. Ele é filho de Oriovisto Guimarães, fundador e presidente do Grupo Positivo, empresa com atuação na área educacional, de informática e gráfico-editorial.
O evento contou com a presença do vice-reitor do MIT Sloan, o indiano S.P. Kothari, em sua primeira visita ao Brasil. O objetivo do encontro foi discutir a educação no Brasil e apresentar novos modelos de negócios ao grupo de 18 alunos do MBA que montou um curso de três meses sobre o funcionamento do sistema educacional brasileiro. Eles vão passar duas semanas viajando por São Paulo, Brasília, Curitiba, Florianópolis e Rio de Janeiro para apresentar pesquisas a entidades brasileiras e conhecer de perto a situação do País.
No painel Novos modelos de negócios para a educação no Brasil, mediado pelo membro do Conselho de Governança do Movimento Todos pela Educação Luís Norberto Pascoal, executivos de três grupos com atuação no ensino superior privado contaram suas experiências e defenderam a expansão do setor. Além de Lucas Guimarães, do Grupo Positivo, participaram do debate o presidente da Estácio Participações, Eduardo Alcalay, e o presidente do Grupo Ibmec, VanDyck Silveira.
"O sistema público de ensino não dá conta de formar a quantidade de mão de obra que precisamos. Por não termos a cultura da doação, estamos dependentes de um modelo de instituições de ensino superior com fins lucrativos para suprir a demanda", disse Pascoal no início das atividades. Ele levantou três questões para discussão: "Este caminho é de qualidade? Ele é válido para quem está investindo? É bom para o Brasil?"
Para Alcalay, as empresas privadas com fins lucrativos têm condições de educar a população porque podem atrair capital em "quantidades massivas" para esta tarefa. "Lucro é compatível com educação, sim. Até porque existem instituições sem fins lucrativos que não oferecem qualidade de ensino", disse. "Nossa missão primordial na Estácio é garantir a satisfação do aluno oferecendo ensino e atendimento de qualidade."
Segundo Silveira, as faculdades privadas atendem aos interesses de seus alunos. "Nós não temos aula às 16h a não ser que o sujeito que paga queira. Estamos lá por causa do alunos e, para isso, queremos ser bem remunerados", disse. O presidente do Grupo Ibmec também criticou a ausência de universidades brasileiras no ranking das cem melhores instituições de ensino superior divulgado este mês pela Times Higher Education. "O presente, o filé, que são as universidades públicas, é entregue à sociedade branca e rica e ainda assim a gente não consegue ter um centro de excelência."
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