É possível extrair-se prazer de todo e qualquer exercício da sexualidade, até porque a pessoa não se entregaria a ele caso o desagrado fosse maior do que o agrado. Elementar. Mesmo os masoquistas sentem prazer com a dor, embora, para a maioria, isso pareça bizarro.
Então, é de um ridículo atroz o auê que a revista Playboy armou para promover sua edição de aniversário, fazendo circular a informação de que a principal entrevistada, a cantora Sandy, afirmou ser possível sentir-se prazer com a sodomia. Além de escalar celebridades para, com suas declarações, darem maior quilometragem à besteirinha.
E daí? Não estamos mais na década de 1970, quando os brasileiros amaldiçoavam a censura ditatorial por lhes impedir de ver Marlon Brando simulando penetração anal em Maria Schneider, no lendário O último tango em Paris (d. Bernardo Bertolucci, 1972) – um filme que merecia ser reconhecido como ótimo drama e não se tornar um sucesso de escândalo.
Quem viajava e assistia lá fora, era obrigado a contar tintim por tintim para os amigos.
Quando finalmente foi liberado, lá por 1980, eu estava entre os críticos de cinema convidados para a primeira cabine, antes da estréia.
O assessor de imprensa da empresa distribuidora nada viu de errado em trazer seu filho, que tinha uns 15 anos de idade. E não havia mesmo, salvo, talvez, o tédio que lhe deve ter causado.
Enfim, mais manjado e retrô do que este truque promocional da Playboy, impossível.
Afora a escolha de Sandy para a jogada rasteira ter sido, obviamente, inspirada no espanto (choque de imagens) causado por sua participação nos comerciais da cerveja Devassa. Estão vendendo o mesmo peixe pela segunda vez. Já apodreceu.
É lamentável uma moça que sempre nadou em dinheiro estar se prestando a um papelão desses para reerguer uma carreira artística em baixa. Não tem sequer a atenuante da necessidade.
Sandy, não me engana que eu não gosto!
* Jornalista, escritor e ex-preso político, mantém o blog http://naufrago-da-utopia.blogspot.com
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