A "nova" gasolina, com 27% de etanol misturado, passará a ser vendida no País a partir do próximo dia 16. Na prática, isso significa um aumento no consumo de até 4%, segundo especialistas consultados pelo JC. "Quanto mais etanol, maior será o gasto", diz o assessor técnico da Fiat Ricardo Dilser.
Para veículos flexíveis, o motor não será prejudicado pela quantidade adicional do combustível vegetal na gasolina. "Na maioria das vezes, a calibração do sistema de injeção e ignição é feita prevendo uma ampla quantidade de etanol na mistura", explica Dilser.
Já nos caso de automóveis movidos apenas a gasolina, o cenário muda. Integrante da comissão técnica de motores ciclo Otto da SAE Brasil, Henrique Pereira aponta possíveis problemas, como falhas de dirigibilidade, dificuldades na partida a frio, aumento de emissões de gases e até desgaste prematuro de peças.
"Os motores a gasolina foram desenvolvidos para trabalhar com uma quantidade de etanol misturado, especificada no Brasil, entre 22% e 26%. Qualquer variação bruta pode afetar seu funcionamento e desempenho", afirma.
Segundo Pereira, as fabricantes de veículos devem levar até 18 meses para adaptar esses propulsores à nova gasolina.
Esse é o tempo necessário para a realização de testes de componentes, recalibração do sistema eletrônico de gerenciamento do combustível e nova certificação dos veículos à venda no mercado brasileiro em relação às regras de emissões veiculares e consumo.
"A elevação do porcentual de etanol adicionado à gasolina não vai trazer nenhum benefício para os consumidores", opina Pereira. De acordo com ele, com a nova mistura não haverá redução do preço do combustível mineral nas bombas dos postos do País.
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