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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O beijo que virou caso de CPI.......

Somente no Brasil essas piadas acontecem
Vejam só isso que aconteceu lá na capital do poder
A comédia de erros em Brasília não se desenrola apenas no Congresso e cercanias. Os brasilienses incorporam pouco a pouco a bizarrice criativa de nossas autoridades. A Prova disso é a história que se passou dentro de um ônibus, com gente comum.
Em Brazlândia, ao tentar beijar sua companheira de banco, o rapaz leva uns safanões. O caso vai parar na delegacia, vira ação penal e depois de três anos ganha as páginas dos jornais. Além do evidente tom farsesco, foi a atitude do juiz que conduziu o processo que contribuiu para o destaque do caso – e não a absolvição do algoz. Reparem nas sutilezas: “a moçoila foi surpreendida pelo inopinado beijoqueiro que, de supetão, não tendo resistido aos encantos da donzela, direcionou-lhe a beiçola, tendo como objetivo certo a face alva da passageira que se encontrava a seu lado”.
E a sentença continua ao dizer que a vítima “é uma moçona forte, que teria reagido e rechaçado a inesperada demonstração de intimidade não-existente”.
No fim dos depoimentos o juiz ainda teve tempo de perguntar à “vítima” se o réu era bonito. A resposta: “Doutor, se ele fosse um Reinaldo Gianecchini a reação teria sido outra”.
Tão inacreditável quanto o que foi narrado é a quantidade de gente, tempo e dinheiro gastos com o episódio: três delegados, oito médicos, nove defensores, cinco procuradores de Justiça, oito promotores de Justiça e dez juízes. Ou, de acordo com o juiz, “43 profissionais altamente especializados que, ao longo da tramitação do processo (dois anos, oito meses e 13 dias), receberam dos cofres públicos proventos que podem ser estimados pela média em R$ 39.674.666,67”. Além de ganharem – e bem – para trabalharem no caso, os “profissionais altamente especializados” se divertiram bastante. É o que indicam os autos do processo e o nível das questões feitas à “vítima”.
Não sou um homem da lei, mas creio que a economia de recursos teria acontecido se fosse levada em conta a condição mental do algoz, que sofre de esquizofrenia.
E mais: o que foi roubado foi apenas um beijo...

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