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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Polícia de MG prende quadrilha acusada de fraudar Enem e vestibulares de Medicina

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) desbaratou uma quadrilha acusada de fraudar o Enem e vestibulares de Medicina. A "Operação Homeostase 2", realizada com o Ministério Público, prendeu 11 integrantes do grupo, entre eles professores universitários, dois médicos e um policial civil, além de 22 candidatos durante durante o vestibular da Faculdade de Ciências Medicas de Minas Gerais, neste domingo, em Belo Horizonte. 

Nesta segunda-feira, a polícia apreendeu pontos eletrônicos, cadernos de questões e gabaritos das edições do enem de 2012, 2013 e 2014, além de comprovantes de depósitos bancários de R$ 90 mil na casa de um dos suspeitos de chefiar a quadrilha, em Teófilo Otoni. - Isso demonstra uma organização bem consistente, com idas a Dubai e à China para comprar pontos eletrônicos, que estavam embalados na casa do chefe da quadrilha em Minas, Áureo Ferreira Moura. Também apreendemos veículos de luxo e motos por determinação da Justiça - explicou o delegado Jeferson Botelho, Superintendente de Investigação e Polícia Judiciária de Minas Gerais, responsável pela operação. Duas equipes da PCMG realizaram diligências em Teófilo Otoni e no Guaraujá, onde mora o empresário Carlos Roberto Leite Lobo, preso no domingo e suspeito de ser outro chefe da quadrilha. 

De acordo com Botelho, a suspeita é de que eles tenham fraudado o Enem em São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Espírito Santo, além de Minas, especialmente com a venda de vagas em cursos de Medicina a um custo que variava de R$ 70 mil a R$ 200 mil. O trabalho de investigação já durava oito meses. Entre os detidos há um policial civil de Minas, lotado em Governador Valadares, que estava em um dos carros da quadrilha e agora é considerado suspeito de integrar o grupo. Segundo o Superintendente de Investigação e Polícia Judiciária, a quadrilha atuava da seguinte forma: pessoas faziam parte das provas rapidamente, saíam com os resultados das questões e repassavam para os candidatos compradores das vagas por meio de transmissão eletrônica. Ainda segundo o delegado, o último lote de equipamentos adquiridos pela quadrilha era composto por micropontos eletrônicos e moderno sistema de transmissão de dados, que teria sido adquirido na China a um custo de US$ 200 mil. 


De acordo a assessoria de imprensa, a equipe da Polícia Civil que atua junto ao Núcleo de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público continuará trabalhando com os promotores de Justiça formalizando os autos de prisão em flagrante, para que o resultado final da operação seja apresentado à imprensa nos próximos dias. A Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG) informou, por meio de nota, que foi informada da investigação policial em curso e vem colaborando com a polícia na identificação dos responsáveis, o que teria, inclusive, facilitado a infiltração de diversos policiais nos locais de prova e a detenção dos envolvidos na tentativa de fraude. Segundo a FCM-MG, os participantes do esquema fraudulento serão excluídos do processo seletivo, de acordo com o previsto no edital. Ainda de acordo com a faculdade, não houve qualquer prejuízo no vestibular de 2015, não havendo, portanto, motivos para seu cancelamento De acordo com o advogado Lúcio Adolfo, que representa cinco estudantes detidos, seus clientes foram liberados, três após pagamento de fiança de um salário mínimo e dois por não haver provas que os incriminassem. A assessoria de imprensa da Polícia Civil não confirmou a informação e disse que mais detalhes só serão repassados em entrevista coletiva na quarta-feira. - Dois deles não estavam com ponto eletrônico. Três que usaram esse serviço podem ser processados pela participação na fraude, mas vão responder em liberdade - explicou Adolfo. 

 Já o criminalista Délio Gandra, que defende os suspeitos de comandar a quadrilha, declarou ao "Jornal Hoje" que seus clientes estão com prisão temporária decretada por cinco dias, mas não sabe se vai haver uma renovação deste pedido ou se será decretada prisão preventiva. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem, ainda não se manifestou sobre o caso. Na Operação Hemostase I, em dezembro de 2013, a Polícia Civil já havia prendido uma quadrilha de 21 pessoas que também fraudava vestibulares de medicina. Como na época foram levantados indícios de fraude no Enem, o caso foi repassado para a Polícia Federal

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