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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sem necrotério, cidade nas Filipinas atingida por tufão amontoa corpos em capela

Não existe nenhum necrotério funcionando, então, as pessoas estão recolhendo os corpos dos mortos pelo tufão Haiyan e armazenando-os onde é póssível - neste caso, na Capela do Arcângelo São Miguel.Dez corpos foram colocados sobre bancos da igreja e pisos brancos sujos de sangue, detritos e água. Um corpo tem espuma em sua boca. Outro, foi enrolado em um lençol branco, preso com uma vara de bambu verde para poder ser carregado.

Um corpo é pequeno, e está inteiramente coberto em um cobertor vermelho. "Esse é o meu filho", diz Nestor Librrando, um carpinteiro de 31 anos. "Ele se afogou."

Librando se refugiou em um complexo militar próximo no momento em que o tufão tocou o solo das Filipinas na sexta-feira de manhã. Por duas horas, a água o cercou. Ele segurou seu filho de dois anos em um braço, e seu filho de três anos no outro.

Mas a correnteza foi forte demais e levou a família para fora do prédio. A água cobriu a cabeça de Librando e ele tentou nadar. Seu filho mais jovem escorregou de suas mãos e foi imediatamente puxado pela força da água.

"Encontrei seu corpo depois, atrás da casa, no quintal, afundado na lama", disse.

"Essa é a pior coisa que eu já vi na minha vida, a pior coisa que eu poderia imaginar", disse Librando. "Eu trouxe seu corpo a essa capela, porque não havia outro lugar que eu pudesse levá-lo. Eu queria que Jesus Cristo o abençoasse."

A capela fica próxima do aeroporto de Tacloban, em uma região onde a tempestade derrubou centenas de árvores. A enchete atingiu a região com tanta força, que postes de luz de uma estrada foram dobrados, formando um ângulo reto.

Em um lago a oeste do terminal do aeroporto, três corpos jazem por entre as pedras. Um homem, vestindo bermuda azul e com o rosto virado para baixo. Uma criança com os braços amarelados e um pequeno bebê.

Há sobreviventes também, incluindo Junick de la Rea, 22 anos. Ele disse que a força da água o empurrou de cima de um telhado onde ele havia tentado escapar da força da tempestade com outros cinco parentes. Todos eles sobreviveram agarrando-se a pedaços de plástico e metal.

"Por favor, você pode me ajudar?", pergunta de la Rea a um repórter. "Eu quero mandar uma mensagem a um amigo meu", um amigo que trabalha na Cruz Vermelha da Alemanha. "Nós sobrevivemos. Eu quero dizer que nós sobrevivemos. Perdemos tudo. Mas ainda estamos vivos - e precisamos de ajuda."

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